ZÉ DA MADALENA
( BRASIL – DISTRITO FEDERAL )
ZÉ DA MADALENA – E Agora Zé Dirceu? Brasília, DF: Livrartesanal, 2005. 8 p.11,5 x 16, 5 cm ISBN 978-9942-01-094-0
E biblioteca de Antonio Miranda
Zé da Madalena
Ai que saudades que tenho
Do PT dos velhos tempos
Dos companheiros antigos
Sinceros e sem tormentos
Corruptos ficavam longe
O partido era o exemplo.
Falsidades nem se via
Era dentro da decência
Se alguém errou, pagava
Sem pedidos de clemência
Tudo feito, muito limpo
Sem dar bolas pra aparência.
Dirceu pregava cadeia
A ladrões e delatores,
Esperando que a justiça
Prendesse os detratores,
Porque fora do PT
Só havia malfeitores.
Surgiu Roberto Jefferson
Apropriando propinas
E acusando o PT
De negociar em surdina
Verbas para os deputados
E outras coisas mofinas.
Jefferson disse ainda
Mutreta está no PT
Tudo lá é corrupção
Safadezas de se ver
A ruína desse embrulho
Vou mostrar para vocês
Apontou pra Zé Dirceu
Dizendo ser o culpado
De montar o mensalão
Em favor dos deputados
por quarenta mil por mês
Pra dar conta do recado
Valério entrando em fuzarca
A distribuir capitais
Dinheiro não lhe faltava
Como diziam jornais
O mensalão mensageiro
Com verbas das estatais
E depois o Genoíno
Assinou milhões sem ler
Ele tentou se explicar
Para o militante envolver.
Como é que o presidente
Entra em fria sem saber?
Muito lampeiro Valério
Deixava rastros atrás
O aval em outro empréstimo
Pra o Genoíno audaz
Nunca tanta barbeiragem
Nem aqui nem em Goiás.
Aí nova incompetência
Do assessor do irmão
Indo direto a São Paulo
Pra voltar de avião
Trazendo parte da grana
Escondida no cuecão.
Mas que bruta covardia
Aqui em nosso partido
Tanta vã incompetência
E tanto golpe falido.
Em ceroula tão moderna
Até dinheiro escondido.
PT se viu na cumbuca
Da máfia do Banestado
Mas faltou-lhe competência
De estar bem informado
Que a grana vai sem papel
Nem tem recibo assinado.
Militante reclamava
Do caso mal dirigido:
Mas que vergonha meu Deus
Meteram nosso partido
Facínoras estão aqui
Deixando-nos abatido
Havia Heloisa Helena
Que usava o parlamento
Para não deixar a sujeira
Tomar dela o assento
Revidava cara a cara
Com fatos e argumentos.
Ficou contra a direção
Do partido de Dirceu
Ele teve que partir
Sem negar princípios seus
As coisas andavam más
No escurão que só breu.
E agora Zé Dirceu
Eu tenho tanta saudade
Do PT de Suplicy
Cara de boa vontade
Pois queria a CPI
Para esclarecer a verdade.
Nunca se viu tanta trama
Pra derrotar Suplicy
Partido restou dividido.
Fugiu pra dentro de si.
A procura de caminho
Buscando aonde fugir.
Triste findou militante
Escondido e à espera
Da acusação de Dirceu
Contra os mesmos bestas-feras
Tempo passou e não veio
Ampliando a quimera.
Oh tanto tempo perdido
Querendo salvar o País
Em quem mais acreditar
Diz militante infeliz.
Perdida oportunidade
Corta pau pela raiz.
Partido está sem o rumo
Perto de se consumir
O que era decência
Foi cortada em bisturi
PT caiu sem bravura
Buscando chão pra sumir.
Será preciso outra vez
Formar partido decente
Que faça o dever de casa.
Sem enganar tanta gente
Brasileiro está cansado
Das safadezas presente.
Ai que saudades que tenho
Dos princípios teus e meus
Todos eles derrubados.
Agora lhe pergunto eu
PT na senvergonheza,
E Agora Zé Dirceu?
Bezerros, 05.08.2005
*
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Página publicada em abril de 2024
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